Chefes dos TrĂȘs Poderes discutem aumento de penas a crimes ambientais

Os presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva; do Senado, Rodrigo Pacheco; e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disseram concordar que a onda de incêndios florestais que afeta o país tem origem criminosa.

Por Arlei Silveira (mtb 0020630) em 17/09/2024 às 22:07:17
Foto: Folha PE

Foto: Folha PE

Os presidentes da RepĂșblica, Luiz InĂĄcio Lula da Silva; do Senado, Rodrigo Pacheco; e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disseram concordar que a onda de incĂȘndios florestais que afeta o paĂ­s tem origem criminosa. Em reunião nesta terça-feira (17) entre os chefes dos TrĂȘs Poderes para discutir medidas para enfrentar a crise climĂĄtica, eles falaram sobre um eventual aumento de penas para os criminosos.

"Não se pode pode acusar, mas que hĂĄ suspeita [de crime], hĂĄ", declarou Lula no encontro. "O dado concreto é que, para mim, parece muita anormalidade." O presidente da RepĂșblica disse considerar estranhas as convocações para o ato promovido na Avenida Paulista em Sete de Setembro com a frase "Vai pegar fogo".

Pacheco disse acreditar haver uma coordenação entre os incĂȘndios. "É muito evidente que, diante desse contexto, a quantidade de focos [de incĂȘndios], hĂĄ, sim, uma orquestração, mais ou menos organizada, que pretende incendiar o Brasil", declarou. Lira considera que hĂĄ uma influĂȘncia criminosa na onda de incĂȘndios. "Estamos enfrentando um problema iminente de organizações criminosas, inclusive no atear fogo", afirmou.

Aumento de penas

O aumento de penas para crimes ambientais também foi tema da reunião. O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse estar discutindo com a Advocacia-Geral da União (AGU) uma proposta para aumentar as penas para incĂȘndios florestais, atualmente com punições mais brandas que as de um incĂȘndio comum.

"No incĂȘndio normal, a penalidade é de trĂȘs a seis anos e, no incĂȘndio florestal, um crime ambiental, é de dois a quatro anos. Então o que se vai buscar é pelo menos igualar", explicou.

Também presente ao encontro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), LuĂ­s Roberto Barroso, defendeu que o Congresso discuta o aumento de penas para crimes ambientais. "No incĂȘndio normal, a penalidade é de trĂȘs a seis anos e no incĂȘndio florestal, um crime ambiental, é de dois a quatro anos. Então, o que se vai buscar é pelo menos igualar", disse.

Congresso

O presidente do Senado disse ser possĂ­vel um eventual "aprimoramento legislativo" da Lei 9.605, que trata dos crimes contra a fauna e a flora, e do Código Penal, mas recomendou equilĂ­brio nas discussões para evitar "populismo legislativo". Segundo Rodrigo Pacheco, a legislação atual jĂĄ estabelece agravantes e permite combinar penas.

"Nós reputamos que o problema nesse instante não é legislativo. Nem de uma fragilidade de combinação de penas, porque tipos penais hĂĄ, penas combinadas também hĂĄ", afirmou. Pacheco, no entanto, ponderou que o Senado pode debater os crimes previstos em lei para identificar as possibilidades de elevar a pena. "Uma coisa é ter fogo em um hectare, outra coisa é ter fogo alastrado por um parque florestal que atinge vilas, comunidades", comentou.

Dizendo haver vontade polĂ­tica na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Arthur Lira, pediu que medidas que precisem de votação no Congresso não sejam confundidas com questões ideológicas. "Não faltarĂĄ vontade polĂ­tica da Câmara, mas alguns temas acho que tĂȘm que vir bem explicados, para que não tenha reação adversa a uma tratativa que fuja de alguns pensamentos mais ou menos ideológicos com relação ao cerne da questão", disse.

Mobilização de juĂ­zes

O presidente do STF afirmou ter pedido uma mobilização nacional de juĂ­zes de todo o paĂ­s, diante da gravidade da situação atual. Ele disse ter recomendado aos magistrados que deem prioridade à tramitação de inquéritos e ações relacionadas a infrações ambientais. A recomendação, explicou, vale para ações criminais e civis e deverĂĄ adiantar medidas cautelares, como operações de busca e apreensão e prisões preventivas.

Barroso também afirmou que as Defesas Civis estaduais devem receber as multas pecuniĂĄrias em ações coletivas. O pedido vale para dinheiro que esteja depositado em contas do Poder JudiciĂĄrio.

Comunicar erro
02

ComentĂĄrios

03
Universitarias Club Goiania