"Não se pode pode acusar, mas que hĂĄ suspeita [de crime], hĂĄ", declarou Lula no encontro. "O dado concreto é que, para mim, parece muita anormalidade." O presidente da RepĂșblica disse considerar estranhas as convocações para o ato promovido na Avenida Paulista em Sete de Setembro com a frase "Vai pegar fogo".
Pacheco disse acreditar haver uma coordenação entre os incĂȘndios. "É muito evidente que, diante desse contexto, a quantidade de focos [de incĂȘndios], hĂĄ, sim, uma orquestração, mais ou menos organizada, que pretende incendiar o Brasil", declarou. Lira considera que hĂĄ uma influĂȘncia criminosa na onda de incĂȘndios. "Estamos enfrentando um problema iminente de organizações criminosas, inclusive no atear fogo", afirmou.O aumento de penas para crimes ambientais também foi tema da reunião. O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse estar discutindo com a Advocacia-Geral da União (AGU) uma proposta para aumentar as penas para incĂȘndios florestais, atualmente com punições mais brandas que as de um incĂȘndio comum.
"No incĂȘndio normal, a penalidade é de trĂȘs a seis anos e, no incĂȘndio florestal, um crime ambiental, é de dois a quatro anos. Então o que se vai buscar é pelo menos igualar", explicou.
Também presente ao encontro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), LuĂs Roberto Barroso, defendeu que o Congresso discuta o aumento de penas para crimes ambientais. "No incĂȘndio normal, a penalidade é de trĂȘs a seis anos e no incĂȘndio florestal, um crime ambiental, é de dois a quatro anos. Então, o que se vai buscar é pelo menos igualar", disse.
O presidente do Senado disse ser possĂvel um eventual "aprimoramento legislativo" da Lei 9.605, que trata dos crimes contra a fauna e a flora, e do Código Penal, mas recomendou equilĂbrio nas discussões para evitar "populismo legislativo". Segundo Rodrigo Pacheco, a legislação atual jĂĄ estabelece agravantes e permite combinar penas.
"Nós reputamos que o problema nesse instante não é legislativo. Nem de uma fragilidade de combinação de penas, porque tipos penais hĂĄ, penas combinadas também hĂĄ", afirmou. Pacheco, no entanto, ponderou que o Senado pode debater os crimes previstos em lei para identificar as possibilidades de elevar a pena. "Uma coisa é ter fogo em um hectare, outra coisa é ter fogo alastrado por um parque florestal que atinge vilas, comunidades", comentou.
Dizendo haver vontade polĂtica na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Arthur Lira, pediu que medidas que precisem de votação no Congresso não sejam confundidas com questões ideológicas. "Não faltarĂĄ vontade polĂtica da Câmara, mas alguns temas acho que tĂȘm que vir bem explicados, para que não tenha reação adversa a uma tratativa que fuja de alguns pensamentos mais ou menos ideológicos com relação ao cerne da questão", disse.
O presidente do STF afirmou ter pedido uma mobilização nacional de juĂzes de todo o paĂs, diante da gravidade da situação atual. Ele disse ter recomendado aos magistrados que deem prioridade à tramitação de inquéritos e ações relacionadas a infrações ambientais. A recomendação, explicou, vale para ações criminais e civis e deverĂĄ adiantar medidas cautelares, como operações de busca e apreensão e prisões preventivas.
Barroso também afirmou que as Defesas Civis estaduais devem receber as multas pecuniĂĄrias em ações coletivas. O pedido vale para dinheiro que esteja depositado em contas do Poder JudiciĂĄrio.