Brasil atingiu a marca de 672 mil pacientes que se tratam com cannabis

Este ano, o Brasil atingiu a marca de 672 mil pacientes que se tratam com cannabis medicinal, número recorde e 56% superior ao do ano passado.

Por Regional 24 Horas em 27/11/2024 às 08:09:42
Foto: Agência Brasil - EBC

Foto: Agência Brasil - EBC

Este ano, o Brasil atingiu a marca de 672 mil pacientes que se tratam com cannabis medicinal, nĂșmero recorde e 56% superior ao do ano passado. O dado consta do anuĂĄrio produzido pela Kaya Mind e divulgado nessa terça-feira (26).

O segmento movimentou R$ 853 milhões, valor que ajuda a dimensionar sua força. Outro dado mencionado pelo relatório é o de que os pacientes estão espalhados por aproximadamente 80% dos municĂ­pios.

Segundo Maria Eugenia Riscala, CEO da empresa Kaya, que abriga a Kaya Mind, hĂĄ mais de 2.180 produtos de cannabis medicinal, variedade que contempla diversas necessidades. "A expansão da cannabis medicinal é visĂ­vel no Brasil, não apenas em nĂșmeros, mas na forma como a medicina integra essas opções de tratamento à rotina dos pacientes em todo o paĂ­s", diz.

A quantia atingida este ano supera em 22% a do ano passado, de R$ 699 milhões. A projeção é de que o faturamento chegue a R$ 1 bilhão em 2025.

Em 2021, o montante foi bem inferior, de R$ 144 milhões, passando, no ano seguinte, para R$ 364 milhões.

Para o chefe de InteligĂȘncia e sócio da Kaya, Thiago Cardoso, os progressos no campo da regulamentação da cannabis, como a liberação, pelo Supremo Tribunal Federal quanto ao cultivo da planta (https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2024-11/stj-autoriza-cultivo-de-cannabis-para-fins-medicinais) tĂȘm colocado o Brasil em evidĂȘncia. Ao todo, este ano, 413 empresas estrangeiras exportaram produtos para o paĂ­s, o que significou, ainda, diversificação dos itens nesse mercado.

"Esse avanço permite que mais pacientes encontrem soluções terapĂȘuticas adequadas às suas necessidades e posiciona o Brasil como um mercado competitivo e inovador no cenĂĄrio global", avalia Thiago.

Os frascos com cĂĄpsulas e as embalagens de óleos, sprays e tópicos ainda não se sobressaem nas prateleiras por conta dos entraves relativos à legalização. Isso ajuda a explicar por que quase metade dos pacientes medicinais (47%) dependem da importação do produto que necessitam e que conseguem mediante prescrição médica. O restante recorre a farmĂĄcias (31%) e associações (22%), sendo que estas exercem um papel fundamental para quem não tem condições financeiras de cobrir os gastos.

Jonadabe Oliveira da Silva, vice-presidente da TO Ananda (https://www.instagram.com/toananda_/), associação do Tocantins que oferece apoio a pacientes e familiares de pacientes que usam a cannabis medicinal, diz que observa até mesmo pessoas mais conservadoras compreendendo que se trata de algo verdadeiramente eficaz e abandonando o preconceito.

"Estão quebrando [a visão preconceituosa ou de que é tabu] depois de ver pacientes", afirma Jonadabe.

A organização completou dois anos, sempre mantendo o espĂ­rito de colaboração e de senso coletivo. Ele conta que a entidade surgiu a partir da experiĂȘncia da presidente atual, que tomava um analgésico conhecido, bastante forte, para dor, durante muito tempo e resolveu se desintoxicar. Ela, então, conheceu o óleo de cannabis. "E aĂ­, ela foi procurar pessoas que tinham alguma história com o óleo", esclarece Silva.

Atualmente, a associação conta com o apoio da Defensoria PĂșblica e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e, para o ano que vem, a expectativa é a de que fechem parcerias com laboratórios e instituições de ensino superior privadas. A ampliação da entidade tem dado segurança a Silva, inclusive, para trocar de carreira. "Eu atuo como cabeleireiro, mas estou em transição, estudando o cultivo, o mercado."

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