CCJ da Câmara aprova impressão e recontagem de votos

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (11), o Projeto de Lei nÂș 1.

Por Arlei Silveira (mtb 0020630) em 11/12/2024 às 18:43:10
Foto: Agência Brasil - EBC

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A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (11), o Projeto de Lei nÂș 1.169/2015 , que visa a permitir que partidos polĂ­ticos peçam a recontagem fĂ­sica de votos em eleições nacional, estaduais, distritais ou municipais.

Na prĂĄtica, a proposta de mudança da chamada Lei das Eleições (Lei nÂș 9.504/1997), apresentada pelo deputado federal Carlos Henrique Gaguim (União-TO), em 2015, busca estabelecer o voto impresso no Brasil, proibindo a adoção do voto puramente eletrônico, e torna obrigatória a verificação de votos da urna eletrônica. A aprovação do projeto contraria decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em 2020, declarou inconstitucional o voto impresso.

Na CCJ, o substitutivo do deputado federal José Medeiros (PL-MT), relator do projeto, foi aprovado por 31 votos a 20. Para se tornar lei, contudo, o projeto ainda precisa ser aprovado em PlenĂĄrio, pela Câmara, e pelo Senado.

Medeiros jĂĄ havia apresentado seu relatório no Ășltimo dia 4, votando pela constitucionalidade, juridicidade e pela aprovação do PL 1.169, bem como das demais sugestões acrescentadas ao projeto original. Contudo, a votação do parecer do relator foi interrompida por um pedido de vista – ou seja, de mais tempo para analisar o tema – de parlamentares de esquerda contrĂĄrios à iniciativa.

Em seu parecer, Medeiros propôs que, imediatamente após o fim de cada nova votação, 5% das urnas eletrônicas deverão ser selecionadas aleatoriamente para que os votos nela depositados sejam contabilizados publicamente, na própria seção eleitoral, pelos membros da mesa. Conforme sugestão do deputado federal Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), os votos eletrônicos deverão ser confrontados com os registros feitos em papel.

"O projeto original falava na contagem pĂșblica dos votos. Ou seja, era voltar à contagem manual, com todas as pessoas assistindo à contagem. Ponderei que seria uma mudança muito radical em vista do que temos hoje, com as urnas eletrônicas. O relator [Medeiros], então, acatou minha sugestão: mantemos a urna eletrônica, que imprimirĂĄ cada voto, que cairĂĄ em uma urna. E, obrigatoriamente, sorteamos uma amostragem de 5% das urnas eletrônicas para fazer a conferĂȘncia dos votos fĂ­sicos", explicou Andrada.

As urnas deverão ser escolhidas por meio de sorteio pĂșblico, realizado na presença de representantes dos partidos polĂ­ticos, do Ministério PĂșblico, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de outras entidades interessadas. Cada voto, então, serĂĄ retirado individualmente, lido em voz alta, apresentado aos membros da mesa e registrado no boletim de urna.

"A implementação da contagem pĂșblica em uma amostra aleatória de 5% das urnas busca aprimorar a transparĂȘncia e a confiabilidade do processo eleitoral, sem comprometer a celeridade da apuração. A seleção aleatória das urnas para contagem manual serve como mecanismo de auditoria, permitindo a identificação de possĂ­veis inconsistĂȘncias entre os resultados eletrônicos e fĂ­sicos", sustenta Medeiros, acrescentando que a media "reforçarĂĄ a credibilidade" do sistema eleitoral brasileiro.

Para a deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT) a aprovação do projeto pode ajudar a "pacificar o paĂ­s". "Teremos a condição de verificar [a segurança das urnas eletrônicas], não deixando que ninguém mais fique em dĂșvida sobre isso. Precisamos chegar a um meio termo para conseguir a paz para as eleições de 2026 e acredito que esta propositura é este meio termo […] para que os brasileiros tenham, novamente, confiança no sistema eleitoral. Não quero dizer que, hoje, este sistema tenha falhas, mas se todos nos unirmos e tivermos as condições de, ao fim, podermos contar, reavaliar ou verificar, ninguém mais vai poder usar qualquer termo de dĂșvida sobre as eleições em nosso paĂ­s".

JĂĄ o deputado Helder Salomão sugeriu que o debate é incomum. "Aqueles que questionam as urnas eletrônicas só o fazem quando perdem as eleições. Quando as ganham, não falam nada sobre o sistema das urnas eletrônicas, que é aprovado e visto por outros paĂ­ses como um grande avanço. Até hoje, não houve nenhum fato relevante que pudesse efetivamente colocar em xeque a transparĂȘncia, a segurança e os resultados eleitorais desde 1996, quando as urnas eletrônicas foram utilizadas pela primeira vez [no Brasil]".

A fala de Salomão coincide com o posicionamento de 23 das entidades que integram o movimento suprapartidĂĄrio Pacto Pela Democracia, entre elas a TransparĂȘncia Brasil e a Conectas Direitos Humanos. Em nota divulgada nesta terça-feira (10), as organizações sociais defendem que o PL 1.169/15 não pode ser aprovado por representar uma volta ao passado. "Na prĂĄtica, o projeto busca instituir o voto impresso no Brasil, não como forma de fortalecer o processo eleitoral, mas como estratégia para alimentar a desconfiança no sistema de votação e ampliar significativamente a possibilidade de obstrução em um sistema comprovadamente seguro e Ă­ntegro", sustentam as entidades.

"Desde 2014, com auge em 2022, atores antidemocrĂĄticos tĂȘm promovido narrativas que questionam a integridade do sistema eletrônico de votação no Brasil. Mesmo diante de inĂșmeros relatórios que atestam a segurança do sistema de votação vigente, elaborados por especialistas de universidades renomadas e de auditorias realizadas por partidos de diferentes espectros polĂ­ticos, esses grupos demonstram pouco interesse em aprimorar o sistema. O objetivo é evidente: disseminar desinformação e minar a confiança nas urnas eletrônicas, um alicerce essencial para a realização de eleições justas, confiĂĄveis e para o fortalecimento da democracia no paĂ­s", acrescentam as organizações sociais.

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