O prejuízo do clima à lavoura de soja

Por Regional 24 Horas em 20/01/2025 às 10:09:41
O prejuízo mais notável para os gaúchos ocorreu na safra de 2004/2005, quando a produtividade da área plantada com o grão sofreu uma queda de 78% | Foto: Roberto Kazuhiko Zito/ Embrapa Soja

O prejuízo mais notável para os gaúchos ocorreu na safra de 2004/2005, quando a produtividade da área plantada com o grão sofreu uma queda de 78% | Foto: Roberto Kazuhiko Zito/ Embrapa Soja

Entre os principais estados produtores de soja do país, o Rio Grande do Sul é o que sofre as maiores perdas nesta mão de obra em razão de estiagens. De acordo com o pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja, o Estado é privado de uma safra em cada quatro ciclos de oleaginosa pela escassez hídrica.

"Em alguns anos, perde mais de 50% da produtividade. É um negócio violento. Em outros anos, perde 20%, 30%. Então, estimamos uma safra perdida a cada quatro anos", explica o pesquisador, autor de um estudo sobre o tema junto com dois colegas.


O prejuízo mais notável, conforme Farias, ocorreu na safra de 2004/2005, quando a produtividade da área plantada com o grão sofreu uma queda de 78% no Estado. No Paraná, a quebra atingiu 23%.

"Naquela época, o Rio Grande do Sul estava produzindo a faixa de 2,5 mil ou 2,6 mil quilos por hectare e obteve menos de 700 quilos por hectare, em média", detalha Farias.

A sensibilidade da cultura em solo gaúcho torna-se ainda mais preocupante quando se considera a importância econômica e estratégica da soja. Terceiro maior produtor do grão entre as unidades da Federação, atrás de Mato Grosso e Paraná, a soja responde por 31% do Valor Bruto da Produção Agropecuária, conforme o relatório Radiografia da Agropecuária Gaúcha, da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). Em 2023, o chamado Complexo Soja movimentou, no RS, R$ 39,87 bilhões. O valor supera em 28,2% o total investido pelo Palácio Piratini em saúde entre 2019 e 2024 (R$ 31,1 bi).


"O Rio Grande do Sul depende muito da agricultura, e a soja é o carro-chefe. Se não vai bem, não vai bem também a economia do Estado", garante Farias, acrescentando que o impacto de uma safra consumida pelo calor e pela desidratação sobre a economia gaúcha "é monstruoso, não só para o produtor, mas para vários outros segmentos ".

Entre os setores do agro diretamente afetados pela baixa oferta de leguminosas, Farias lista a avicultura, a produção de ovos, a suinocultura e até mesmo a piscicultura. "Não tem criação de peixe se não tem soja, 90% da ração de peixe é soja", diz.


A honestidade é considerada, muitas vezes, como a principal medida para reduzir a sensibilidade gaúcha às secas e estiagens. Ainda de acordo com o estudo da Seapi, na safra 2023/2024, apenas 3% da área destinada à soja foi beneficiada com privacidade. Os 97% dependeram das precipitações pluviométricas e da umidade acumulada pelo solo. A solução irrigatória, no entanto, pode ser apenas um paliativo, principalmente quando avaliada considerando os tempos vindouros.


No futuro, a mudança climática, a elevação da temperatura em razão do efeito estufa, será um problema, mas haverá outra preocupação, alerta Farias, que será a água para garantir a produção.

"A água vai ser o fator mais importante, mais limitante, não só pra produção agrícola, mas para várias outras atividades humanas", afirma. Assim, conforme as previsões do pesquisador, "a segurança terá de ocorrer de uma forma muito racional" ao utilizar uma substância que tende a se tornar cada vez mais escassa e, por consequência, cada vez mais custosa.

Manejos devem receber atenção

Para o pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa, o problema mais grave nas perdas da soja está relacionado ao manejo do solo.

"Estamos esquecendo de utilizar o solo como um grande repositório, um grande elemento de disponibilidade de água para a cultura", aponta.

O manejo malfeito, diz ele, se reflete no uso cada vez mais reduzido de curvas de nível e de terraço, além do plantio direto precário, sem diversificação de culturas.

"Isso não facilita a infiltração de água no solo. Esse só, na hora que começa a faltar água, não tem capacidade de disponibilizar maior volume para a planta", explica. "Muito conseguiríamos amenizar o impacto da falta de água de chuva ou da ocorrência de seca por meio da adoção de boas práticas de manejo do solo", garante Farias.

Fonte: Correio do Povo

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