Recentemente, temos observado a ascensão da famosa cultura do cancelamento. Os tempos mudaram, mas algumas práticas persistem, apenas sob novos nomes. Do bullying ao cancelamento, a transição pode não ser tão distante quanto parece. Embora não seja psicólogo nem da área da saúde, posso questionar e argumentar sobre esse fenômeno.
Vamos começar analisando um reality show típico: vinte pessoas trancadas em uma casa, vigiadas 24 horas por dia. Os internautas e telespectadores estão prontos para apontar falhas, seja nas palavras ou nas atitudes. Eles agem como garras ferozes ou socos ingleses prontos para atacar. A pessoa que falha torna-se alvo, enfrentando a ira e o ódio exacerbado nas redes sociais. O resultado? A pessoa afetada não apenas perde sua integridade durante ou após sua participação.
Mas e depois do cancelamento? Como alguém pode se reintegrar à sociedade? Não estou sugerindo que devamos absolver os erros, afinal, quem nunca errou? No entanto, a prática do cancelamento, em si, é o que a torna tão prejudicial.
É pertinente criticar alguns youtubers ou influenciadores, como são chamados hoje em dia, que competem para ver quem cancela mais o outro. Tudo isso em troca de quê? Visualizações, engajamento e, talvez, para se sentirem um pouco melhores consigo mesmos, mesmo que isso prejudique gravemente o próximo.
Em resumo, o cancelamento é um bullying enfeitado. As redes sociais tornaram-se uma terra onde vários juízes da vida estão prontos para julgar o próximo. É hora de repensarmos nossa abordagem e considerarmos o impacto que nossas palavras e ações têm sobre os outros.
Matheus Bastos, Acadêmico de Jornalismo, Gestão Pública e Radialista