Minha última escolha... ser feliz!

Quantas vezes em nome de um sentimento que se faz mais forte em nós, a gente põe de lado nossos sonhos, protela os nossos objetivos, simplesmente esquece de existir. Deixamos de viver a vida em plenitude ocupando espaço em nosso coração, em nossa mente, preenchendo nossos dias com os acontecimentos da vida do outro. Fica fácil se perder e mais fácil ainda, sofrer. E isso com certeza é algo injusto.

A nossa individualidade precisa ser preservada. Diante dessa situação é imprescindível que se faça uma reflexão mais profunda em busca de encontrar-se verdadeiramente em si e nessa relação com o outro. Até mesmo porque talvez não sejamos os únicos a nos sentir aprisionados. Fato é que por inúmeras razões deixamos que a vida passe diante de nossos olhos sem que saibamos abstrair dela o que há de melhor.

Deixamos de ser felizes, remoendo condições que não são nossas ou que não deveriam ser, uma vez que o relacionamento com o outro existe pra ser prazeroso, descontraído, trazer harmonia e beleza ao dia a dia, certo que cada um com sua responsabilidade, fazendo a sua parte. A gente não é feito só de bagunças, temos muitos qualidades, basta querer enxergar. Por vezes se faz necessário retirar-se um pouco de si para que se veja melhor, a distância, com cautela. E se nada disso funcionar a única coisa a ser feita é ausentar-se, abrir mão daquilo que já não está mais dando certo evitando desgastes ainda maiores. Sempre é tempo e vale muito a pena reencontrar a si mesmo, a vida precisa de ação, exige posicionamento e feliz ou infelizmente uma vez ou outra, temos que deixar de lado a emoção.

Nós sempre poderemos ser aquilo que de melhor existe em nossa essência, sem jamais esquecer que somos em nós mesmos, tudo que realmente importa. Isso não é egoísmo é zelo! Decisão nada fácil, mas é libertador. Seremos pra sempre o nosso maior compromisso porque nunca é sobre o que os outros acham e sim, sobre aquilo que você acredita ser!

Minha última escolha... ser feliz!

"Entre um sobressalto e outro fiz das dúvidas que eu tinha, escolhas! Abandonei meu coração, na verdade deixei de lhe dar ouvidos, esqueci suas cores, a empolgação que causava quando falava do amor. Na verdade mentia. Passei a olhar mais longe. Com cada acontecimento, se iam também pedacinhos de mim que larguei pelo caminho ao longo de tantos anos. Fui levando minha vida, aprimorando os instintos, sentindo cada expressão, marcas de um tempo nem sempre tão generoso, que moldaram não apenas as minhas feições mas também o meu caráter, delineando minha conduta. Foi a racionalidade substituindo a emoção.

Uma ação imprescindível. Me fortaleceu! Nem sempre foi fácil mas eu resisti. O preço foi alto mas não me arrependo, só assim te conheci, não lamento. Eu fiquei e tu partiu, e foi bem melhor assim. Me recompus e segui. Sozinha? Não. Em companhia de mim mesma e de tuas lembranças, pois de tudo que um dia foi restou apenas um canto vazio em lugar distante, incompreendido, na verdade esse lugar era dentro de mim, algo que ainda gritava exigindo explicação, eu seguia acreditando, e sem que houvessem barreiras, na verdade sem que eu as percebesse ou mesmo as impusesse, fui deixando espaços livres... E me coloquei à parte, eu fui sempre "abrindo mão" de tudo aquilo que um dia deu razão ao meu viver. Fui mais você do que eu e isso ainda dói! Não ouvi minha essência, quando trazia em mim uma alma já cansada, eu insistia em ser melhor... Pra mim mesma!? Talvez não! Queria parecer forte e de tanto tentar, finalmente consegui. Ser forte? Não. Tornar-me invisível! E eu que fazia questão de ser e estar presente, de um instante pro outro deixei de fazer diferença. Insignificante me fiz! Ou foi tu quem me fez? Talvez em teus dias fosse melhor assim. Não pra mim! Sofria e me questionava, sem êxito. Por vezes deixava de ser feliz, mas eu te via contente e naquele momento era tudo que importava, era assim que eu via. Me dedicava, alguém precisava sorrir.

Nutria esperança em lugar que nunca existiu. Incapaz de perceber o grande mal que causava não apenas a mim mas... a nós dois. Um tempo que já não existe. E tu fostes então minha última escolha, a mais difícil de todas. Não me deixando opção, me fez feliz afinal! Abrir mão de ti apresentou-me um mundo de oportunidades que eu não conhecia... Na verdade eu não via pois durante tantos anos meu olhar refletiu apenas a tua imagem, miragem... Uma ilusão!"

Cláudia Oliveira