Azevém, plantio direto e alelopatia.

Por Regional 24 Horas em 12/05/2023 às 10:39:50

Foto: Rural Pecuária, 2020

Já falamos aqui em outras conversas a respeito da relação de plantio direto e cobertura vegetal para tal seguimento de manejo, que visa a autossustentação, enriquecimento da estrutura físico química do solo e um melhor aproveitamento dos recursos naturais. Encontrar plantas a serem utilizadas como cobertura de solo se faz uma tarefa importante e criteriosa, devido às condições climáticas da região, adaptabilidade ao sistema de cultivo e à realidade do produtor. Na região sul do Brasil uma espécie de planta muito empregada para este fim é o azevém (Lolium multiflorum).

O azevém tem essa grande adaptabilidade em nossa região, em função de seu ciclo precoce, proporcionando um elevado banco de sementes e, consequentemente, uma ressemeadura natural nas áreas estabelecidas, além, é claro, de ter potencial para a adoção no sistema de integração entre lavoura e pecuária. É uma planta daninha de inverno, é muito utilizada como forrageira por sua grande capacidade de formação de palhada, sendo a principal fonte de cobertura de solo no sistema de plantio direto. Na pecuária, devido a sua alta palatabilidade e qualidade nutricional, é muito empregada na alimentação bovina.

Um outro aspecto interessante para levar em consideração é o chamado efeito alelopático que o azevém desempenha sob outras plantas; principalmente, nas demais plantas daninhas. A alelopatia acontece quando uma planta (no caso aqui o azevém), libera substâncias químicas no ambiente, podendo ser favorável ou desfavorável para outras plantas. Essa liberação ocorre de duas formas principais; por lavagem de resíduos culturais presentes na superfície do solo, ou por liberação de exsudatos através das raízes.

No azevém o efeito alelopático é explorado no controle de plantas daninhas, onde o mesmo, através desse processo, realiza um controle natural da germinação, crescimento e desenvolvimento de outras plantas infestantes no campo. Com um bom planejamento e cuidados no momento da dessecação do azevém (para que não afete a emergência da cultura sucessora a ser explorada economicamente), a utilização dessa característica fisiológica propicia um grande aproveitamento no manejo integrado de plantas daninhas. No campo a palhada de azevém age, portanto, também como uma barreira química, na germinação e proliferação de outras espécies de plantas daninhas.

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Foto: Rural Pecuária, 2020


Éder Neimar Plautz

Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Proprietário e responsável técnico +AGRO Serviços Agronômicos

Perito Judicial em Atividade TJ- RS


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